Infelizmente existem diversos golpes registrados que visam corretores de imóveis, além daqueles que se utilizam da profissão para enganar compradores e locatários. É crucial que os corretores estejam cientes dessas táticas para se protegerem e protegerem seus clientes.
Golpes Comuns que Afetam Direta ou Indiretamente os Corretores de Imóveis
A maioria dos golpes tem como objetivo o dinheiro ou os dados das vítimas, sejam elas os corretores, os proprietários ou os compradores/locatários. Veja os principais:
- Golpe do Falso Corretor (Uso de Dados de Corretores Legítimos):
- Como funciona: Golpistas criam perfis falsos em plataformas de anúncios (OLX, Zap Imóveis, Viva Real) usando dados reais de corretores e imobiliárias (CRECI, CNPJ) que estão em situação regular. Eles anunciam imóveis com preços muito atrativos ou com ofertas “imperdíveis” para atrair interessados.
- Impacto no corretor: O corretor original, cujos dados foram clonados, começa a receber ligações e questionamentos de pessoas enganadas, prejudicando sua reputação e credibilidade. Os golpistas geralmente pedem adiantamentos para “reservar” o imóvel ou para “visitas”, e depois somem.
- Proteção: Monitore sua presença online, verifique se seus dados estão sendo usados indevidamente e oriente seus clientes a sempre verificar o CRECI no site oficial do conselho e a desconfiar de valores muito abaixo do mercado ou pedidos de adiantamento sem contrato formal.
- Golpe da Venda ou Aluguel de Imóvel Inexistente ou de Terceiros:
- Como funciona: O golpista (que pode se passar por proprietário ou falso corretor) anuncia um imóvel que não existe, já foi vendido/alugado, ou que ele não tem autorização para negociar. Pede um adiantamento (caução, aluguel antecipado, “taxa de visita”) e desaparece.
- Impacto no corretor: Corretores podem ser enganados por esses “proprietários” falsos, gastando tempo e recursos na divulgação de um imóvel que não está disponível, ou podem ter sua imagem associada a uma fraude se não verificarem a autenticidade do proprietário e da documentação.
- Proteção: Sempre solicite e verifique a matrícula atualizada do imóvel no Cartório de Registro de Imóveis. Exija a presença do proprietário legítimo em todas as negociações e a validação de seus documentos de identidade. Nunca confie em “chaves na portaria” sem supervisão e confirmação.
- Fraude Documental (Falsificação de Documentos):
- Como funciona: Golpistas podem apresentar documentos falsos ou adulterados (escrituras, certidões negativas, procurações) para enganar o corretor e, consequentemente, o comprador. O objetivo é ocultar dívidas, ônus, ou simular a propriedade do imóvel.
- Impacto no corretor: O corretor que não faz a devida diligência documental pode ser responsabilizado solidariamente ou ter sua reputação seriamente abalada por intermediar uma transação fraudulenta.
- Proteção: Seja rigoroso na análise de toda a documentação do imóvel e dos envolvidos. Peça certidões atualizadas diretamente dos órgãos competentes (Cartório de Registro de Imóveis, Prefeituras, Receita Federal). Em caso de dúvida, busque o auxílio de um advogado imobiliário.
- Golpe do “Sinal” ou “Reserva” Fraudulento:
- Como funciona: O golpista (seja o falso corretor ou um falso comprador/inquilino) pede que um valor de “sinal” ou “reserva” seja depositado rapidamente em uma conta pessoal, muitas vezes sob a alegação de “segurar” o imóvel ou “fechar o negócio” com urgência.
- Impacto no corretor: Se o corretor não orientar o cliente corretamente ou, pior, se for o alvo do golpe (por exemplo, um falso cliente que tenta sacar um valor de um cheque sem fundos do corretor), pode haver prejuízo financeiro direto.
- Proteção: Nenhum valor deve ser pago ou transferido sem um contrato de compra e venda ou locação formal assinado, e preferencialmente, para a conta do proprietário (verificada) ou uma conta jurídica da imobiliária. Desconfie de pressa excessiva para pagamentos.
- Golpe da Dupla Venda:
- Como funciona: O proprietário (ou um falso proprietário) vende o mesmo imóvel para duas ou mais pessoas diferentes, aproveitando-se de falhas na publicidade do registro ou da falta de diligência dos compradores e corretores.
- Impacto no corretor: O corretor pode ser cúmplice (consciente ou inconscientemente) ou ser responsabilizado por não ter verificado a situação do imóvel ou por ter intermediado uma negociação irregular.
- Proteção: A matrícula atualizada do imóvel é a ferramenta mais importante para evitar este golpe, pois ela indica quem é o verdadeiro proprietário e se há qualquer ônus ou registro de venda anterior.
- Golpe da “Chave na Portaria”:
- Como funciona: Golpistas se aproveitam da prática de deixar chaves de imóveis na portaria de prédios ou condomínios para ter acesso e, então, anunciar e “mostrar” esses imóveis sem autorização, pedindo adiantamentos.
- Impacto no corretor: Embora não seja um golpe direto no corretor, o profissional deve estar ciente de que terceiros podem usar essa prática para enganar pessoas, e sua imobiliária pode ser visada.
- Proteção: Imobiliárias e corretores devem ter um controle rigoroso das chaves dos imóveis e, idealmente, acompanhar todas as visitas.

Como Corretores de Imóveis Podem se Proteger
A prevenção é a melhor ferramenta.
- Verificação de Documentação Rigorosa:
- Sempre solicite e confira a Matrícula Atualizada do Imóvel no Cartório de Registro de Imóveis. Ela é o “RG” do imóvel.
- Peça Certidões Negativas de Ônus e Ações do imóvel e dos proprietários.
- Verifique a documentação pessoal dos proprietários (RG, CPF, Certidão de Casamento/Nascimento) e compare com os registros.
- Se houver procuração, verifique a autenticidade e validade no cartório.
- Confirmação do CRECI e Reputação:
- Se o “cliente” for outro corretor, verifique o CRECI dele no site oficial do Conselho Regional de Corretores de Imóveis.
- Mantenha seu próprio registro CRECI sempre ativo e em dia.
- Monitore sua reputação online e em plataformas de anúncio.
- Desconfie de Sinais de Alerta:
- Preços muito abaixo do mercado: Ofertas “boas demais para ser verdade” geralmente são.
- Pressa excessiva para fechar negócio: Golpistas pressionam para evitar que a vítima faça as verificações necessárias.
- Dificuldade ou recusa em visitar o imóvel: Sempre visite o imóvel presencialmente.
- Comunicação apenas por meios eletrônicos (sem chamadas de vídeo ou contato presencial): Golpistas preferem manter o anonimato.
- Pedidos de adiantamento para “reservar” ou “agilizar” o processo: Nunca pague antes do contrato formal e da verificação completa.
- Exigência de pagamento em conta de pessoa física ou de terceiros: Pagamentos devem ser feitos para o proprietário legal ou para a conta jurídica da imobiliária.
- Uso de Canais Seguros e Profissionais:
- Priorize a comunicação por e-mail ou aplicativos formais, registrando tudo.
- Utilize contratos detalhados e revise-os com atenção.
- Evite intermediários demais, centralize a comunicação.
- Eduque Seus Clientes:
- Oriente seus clientes sobre os golpes mais comuns e as precauções que eles devem tomar. Um cliente informado é um cliente protegido.
Estar atento e seguir boas práticas de segurança e diligência é fundamental para que corretores de imóveis possam exercer sua profissão com tranquilidade e sucesso.
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